Castro Laboreiro, Lugares fixos, Brandas, Inverneiras
Cultura, Património e Tradição
A história da ocupação do território sempre foi marcada pela adaptação do Homem às condições geográficas envolventes. Neste contexto, Castro Laboreiro é, sem dúvida, um território peculiar. Aqui, as exigências de adaptação ao meio ganham contornos excepcionais marcados, fundamentalmente, por um clima agreste e um relevo montanhoso.
Os habitantes deste território ao dedicaram-se à atividade agro-pastoril criaram soluções engenhosas, surgindo assim, um modelo de povoamento original. Dispersos pelo acidentado território, aproveitando as diferentes altitudes, foram nascendo inúmeros aglomerados, os lugares fixos e móveis (Brandas e Inverneiras).
Para além dos lugares fixos situados a cotas intermédias, onde as condições edafoclimáticas permitiam sobreviver todo o ano, nas Brandas, designação dada aos lugares castrejos implantados nas franjas do planalto, entre 1050 e os 1150 metros de altitude, permaneciam a maior parte do ano, entre março e dezembro, para realizar as sementeiras da batata e do centeio e onde aproveitavam as pastagens mais verdes e abundantes para os animais.
Quando o rigor do inverno, em meados de dezembro, começava a intensificar-se, os castrejos desciam ao vale, situado a uma altitude inferior e onde se abrigavam os lugares denominados Inverneiras. Aqui permaneciam até meados de março, mais protegidos do frio e da neve. Quando a temperatura aumentava e a disponibilidade dos pastos para os animais, do estreito vale escasseava, com o auxilio dos carros de bois, munidos de todos os pertences e todos os animais domésticos, era chegada a hora de rumar às terras mais altas do planalto, assim, o ciclo recomeçava.
Foi nesta luta diária que, desde tempos remotos, a comunidade desenvolveu com o meio envolvente uma intrínseca e fortíssima relação, harmónica e muito sábia, marcada pelo “vaivém” entre Brandas e Inverneiras.