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Mulheres castrejas “viúvas de vivos”

Mulheres castrejas “viúvas de vivos”

Em tempos que já lá vão, a mulher castreja que tinha o marido longe, num país estrangeiro, vestia-se de negro para exprimir simultaneamente a dor de uma ausência e o voto de guardar fidelidade ao companheiro distante.

A vida destas viúvas e da mulher, em geral, dependente de um parente emigrante, não se modificava com a emigração do chefe de família. A sua missão era preservar a propriedade, mantendo-a em produção.

As remessas provenientes do estrangeiro não se destinavam a mobilizar a mulher das suas funções no campo e em casa. A casa ficava-lhe totalmente entregue, a sua condição de mulher do campo, escrava de todo o trabalho, lavrando a terra, cuidando da horta, pastoreando o rebanho, não se modificava, era tarefa que lhe cabia, que devia ter a sua presença ativa.

A mulher não recuava perante o trabalho mais rude e mais sórdido: lida com os animais e com o campo, com o mesmo ânimo do marido ausente, e vai criando os filhos para quem a sua servidão será, possivelmente, a madrugada que os libertará dessa vida escrava*

*In Castro Laboreiro de relance, de Luis POLANAH, Minia, 2ª Série, Braga 1979.